ATA DA SÉTIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 28.4.1992.

 


Aos vinte e oito dias do mês de abril do ano de mil novecentos e noventa e dois reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Sétima Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e dezoito minutos constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a conceder o Título Honorífico de Cidadão Emérito aos Senhores Jorge Guilherme Bertschinger e Danúbio Gonsalves, concedidos através dos Projetos de Resolução nºs 49/91 e 41/91 (Processos nºs 2695 e 2466/91), de autoria dos Vereadores Leão de Medeiros e João Motta, respectivamente. A seguir, o Senhor Presidente convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, no exercício da Presidência, Senhora Margarete Costa Moraes, Coordena­dora de Artes da Secretaria Municipal de Cultura, representando o Prefeito Municipal, Vereador Martim Aranha Filho, representando o Secretário de Estado de Obras, Senhor Jorge Guilherme Bertschinger, Homenageado, Senhora Helga Bertschinger, Senhor Danúbio Gonsalves, Homenageado, Senhora Aida Ferreira Gonsalves, Esposa do Homenageado, e Vereador Leão de Medeiros,1º Secretário da Casa. Em continuidade, o Senhor Presidente con­vidou a todos para ouvirem, de pé, o Hino Nacional. Após, o Senhor Presidente manifestou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Ve­reador Elói Guimarães, em nome da Bancada do PDT, falou sobre as atividades dos Homenageados em prol de nossa Cidade, ressaltando a atuação de professor e de artista plástico representados pelos Senhores Jorge Guilherme Bertschinger e Danúbio Gonsalves, respectivamente. O Vereador João Motta, em nome das Ban­cadas do PT, PV, PTB, PPS e PL, teceu comentários sobre as obras do Senhor Danúbio Gonsalves, traçando uma trajetória das exposições nacionais e internacionais feitas pelo mesmo. Saudou os novos Cidadãos Eméritos, desejando-lhes sucesso. O Vereador Leão de Medeiros, em nome das Bancadas do PDS, PMDB, PV PTB, PPS e PL, comentou sobre a história do Título Honorífico de Cidadão Emérito concedido por esta Casa, afirmando serem os Homenageados merecedores do mesmo. Falou sobre a vida de cada Homenageado, ressaltando a importância de suas atividades para o porto-alegrense, em especial, ao Senhor Jorge Guilher­me Bertschinger que atua nos setores educacional, social, cultural e esportivo. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças, no Plenário, dos Senhores Paulo César Pinto, Diretor Comercial da Empresa Jornalística Caldas Júnior, e Gilberto Simões Pires, da Rede Brasil Sul de Comunicações, bem como do recebimento de correspondências referentes ao evento dos Se­nhores Governador do Estado, João Gilberto L. Coelho; Senador Pedro Simon; Deputado Estadual Valdir Fraga; General de Divisão Ivo M. Marcondes; das Senhoras Juraci Magalhães; Milla Caudu­ro e Neuza Canabarro, e, ainda, do Professor Tuison Dick, Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Senhor José Carlos de Mello D’Ávila, Diretor-Presidente da Empresa Porto-Alegrense de Turismo, passando-as às mãos dos Homenageados. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Homenageados, que agradeceram os Títulos hoje recebidos da Casa. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes pa­ra assistirem às entregas dos Diplomas de Cidadãos Eméritos ao Senhor Danúbio Gonsalves, pelo Vereador João Motta, e ao Senhor Jorge Guilherme Bertschinger, pelo Vereador Leão de Medeiros, e, ainda, para assistirem o musical composto pelo coral e grupo de danças dos alunos do Colégio Farroupilha. Convidou, também, para verem a exposição de telas do Senhor Danúbio Gonsalves, situada no Salão Adel Carvalho. Após, o Senhor Presiden­te agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tra­tar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e vin­te e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Leão de Medeiros. Do que eu, Leão de Medeiros, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a conceder o título honorífico de Cidadão Emérito aos Senhores Jorge Guilherme Bertschinger e Danúbio Gonsalves, a Requerimentos dos Vereadores Leão de Medeiros e João Motta.

Senhoras e Senhores, inicialmente quero registrar a nossa satisfação em presidirmos esta Sessão Solene que, para ambos os Projetos, teve a aprovação unânime dos Srs. Vereadores presentes e o acerto da decisão da Casa se comprova, além das qualidades dos homenageados, também pela presença de tantas pessoas neste ato.

Convidamos a todos para que, em pé, ouçamos o Hino Nacional Brasileiro.

 

(Ouve-se a execução do Hino Nacional Brasileiro.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Ver. Elói Guimarães que falará em nome da sua Bancada, o PDT.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente da Câmara Municipal, em exercício, Ver. Airto Ferronato, ilustres Homenageados, mais recentes Cidadãos Eméritos desta Leal e Valerosa Cidade de Porto Alegre, o meu amigo Jorge Bertschinger, sua esposa, Drª Helga, demais entidades, aqui representadas, representantes, senhoras, senhores, um amigo, aqui, e vou cumprimentá-lo, encontra-se nas galerias, fazendo também uma homenagem ao Jorge, que é um amigo comum, um paulista de Ribeirão Preto, Dr. Geraldo Nóbrega, que veio de São Paulo acompanhar esta solenidade, um homem de espírito nobre, generoso, um homem de visão, um homem de talento; demais pessoas, intelectuais, economistas, artistas ligados às artes; integrantes da comunidade germânica; integrantes do Farroupilha, aqui, presentes com o seu grupo folclórico mirim; integrantes da SOGIPA; enfim, pessoas que dão um brilho especial e este ato, que é um ato da maior importância.

Porque, hoje, aqui, nós estamos cumprimentando, saudando dois integrantes ativos, partícipes, atuantes da sociedade porto-alegrense: o artista plástico Danúbio Gonsalves, um Gaúcho de Bagé e que tem levado a sua arte, a história da gravura, não só neste País, mas de resto, pelo mundo a fora, levando bem alto o talento, a qualidade artística do artista plástico que é Danúbio Gonsalves.

Portanto, a nossa homenagem, a nossa saudação ao Professor Jorge Bertschinger, que tive a oportunidade de conhecer quando Secretário Municipal dos Transportes. E através dele eu me inscrevi para falar, exatamente para homenagear esse grande artista plástico, mas também para falar dessa figura humana, magnífica, excepcional que é do amigo Jorge. Pois eu conheci o Jorge na Secretária Municipal dos Transportes. E devo a ele, e a cidade deve a ele, um dos grandes Projetos que se desenvolveu nesta Cidade. E hoje está aqui o Dr. Geraldo Nóbrega, que dirige a tráfego, também uma figura conhecida nossa, aqui, o Hohfeldt Zeumanovicke; o Dr. Pacheco. E nós tivemos a oportunidade de desenvolver, na Secretaria, e devo ao Jorge, e assim carinhosamente quando eu falo Jorge é porque assim o tratamos, devemos a ele um grande Projeto, pois nós conseguimos implantar na Cidade de Porto Alegre, mercê da atividade do Professor Jorge, implantar, ter uma doação de 50 semáforos e 10 controladores. Isso tem um valor, hoje, na ordem de bilhões de cruzeiros, em troca apenas de publicidade. Então, uma das razões fortes, Jorge, que me traz a esta tribuna é exatamente destacar esse papel importante que tu desenvolvestes para que nós implantássemos em Porto Alegre. Estão aí servindo a nossa cidade 50 semáforos. Falar do Professor Jorge, aqui, aos integrantes da escola, falar do Professor Jorge aos sogipanos, à Sociedade Germânica, enfim, é falar o óbvio, ele que é um homem permanentemente dedicado a sua Escola, o Farroupilha. Dedica-se as mais diferentes atividades sociais, culturais e educacionais. É um cidadão de Porto Alegre que merece todo o nosso respeito, porque representa efetivamente alguém que está aqui conosco permanentemente, com contribuições marcantes ao desenvolvimento de nossa Cidade.

É uma bela Sessão e isso nos dá a dimensão dos homenageados: o artista Danúbio e o Professor Jorge. Toda essa afluência de pessoas, representativas dos mais diferentes setores da sociedade e da nossa Cidade, indica a importância da homenagem a essas duas pessoas que integram o dia-a-dia e o cotidiano de nossa Cidade.

A nossa homenagem, o nosso respeito a essas pessoas talentosas, jovens com enorme potencial, homens dinâmicos.

Cumprimento os autores dos Projetos, que tiveram a unanimidade desta Casa: o Ver. João Motta, autor do Projeto que concede o Título ao artista plástico Danúbio; ao Ver. Leão de Medeiros, que concede o Título ao Professor Jorge. Parabéns aos colegas Vereadores, porque efetivamente trazem a Casa uma história que, muitas vezes, não se conhece, a não ser aquelas pessoas que têm determinadas convivências, em especial o Prof. Jorge, que atua na base da sociedade; o Danúbio, um nome que se vê pelo País e por outros países.

Fica o nosso respeito, a nossa homenagem e os nossos votos de que figuras como estas, que hoje buscamos contemplar, que estamos saudando, que continuem nessa senda, fazendo o que efetivamente vêm fazendo, preocupados com os mais diferentes setores, seu talento e a sua dedicação.

Portanto, aos mais recentes e jovens Cidadãos de Porto Alegre, o artista plástico Danúbio Gonsalves e o Prof. Jorge Guilherme Bertschinger as nossas homenagens e os nossos votos para que continuem o que até aqui têm feito, o bem para nossa Cidade e para o nosso Estado e o nosso País. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Comunicamos que a Câmara Municipal recebeu, nesta data, telegramas, cumprimentando nossos homenageados e informando da impossibilidade de comparecerem a esta Sessão Solene. São eles: o Governador João Gilberto L. Coelho; Senador Pedro Simon; Juraci Magalhães; Secretária de Estado e Cultura Profª Mila Cauduro; Dep. Valdir Fraga; Profª Neuza Canabarro; General de Divisão Ivo M. Marcondes, Comandante da Terceira Região Militar. Informamos, também, das presenças em Plenário do Dr. Paulo César Pinto, Diretor Comercial da Cia. Jornalística Caldas Júnior; Dr. Gilberto Simões Pires, da RBS TV.

Concedemos a palavra ao Ver. João Motta que falará em nome de sua Bancada, o PT, e das Bancadas do PTB, PPS, PV e PL.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, em exercício, Ver. Airto Ferronato, homenageado Jorge Guilherme Bertschinger e sua Exma. esposa Drª Helga Bertschinger; homenageado Danúbio Gonsalves e sua Exma. esposa Drª Aida Ferreira Gonsalves. Pretendemos, modestamente, com essa resolução prestar uma justa homenagem a Danúbio Gonsalves, artista plástico, gravador, cuja obra é admirada e reconhecida nacional e internacionalmente. Danúbio Gonsalves,  nasceu em Bagé, no Rio Grande do Sul, no dia 30.01.1925, filho de Bento Gonçalves da Silva e de Helena Gonçalves, e neto do General Bento Gonçalves. Sua síntese e a sua carreira poderiam ser assim descritas pelo menos em algum dos episódios: Em 35, viaja para o Rio de Janeiro onde estuda e reside por 14 anos, conhece o caricaturista Mário Mendes com quem faz amizade, conhece Álvaro de J. Carlos, freqüenta o Atelier de Cândido Portinari; em 43, realiza a sua primeira exposição individual em Bagé; freqüenta o Atelier de Roberto Burlamarque no Rio de Janeiro; retorna a Bagé, viaja a Buenos Aires, viaja para a Europa, posteriormente, e reside em Paris, faz estudos, viaja pela França, Espanha, Suíça, Itália, Alemanha, Áustria, Bélgica, Holanda e Inglaterra; em Paris entra em contato com Scliar e Iberê Camargo e reencontra Portinari; retorna ao Brasil e participa do clube de amigos da gravura, fundado por Scliar em Porto Alegre. Posteriormente, retorna a Bagé onde aluga atelier com Glauco Rodrigues e Glênio Benqueti, funda o Clube de Gravuras de Bagé, trabalha em Atelier na sede da sociedade espanhola de Bagé, participa do Clube de Gravuras de Porto Alegre, participa do Congresso Continental da Paz em Montevidéu, com uma delegação cultural brasileira juntamente com Scliar, Dejanira, Villanova, Artigas e outros viaja à Polônia, Tchecoslováquia, e União Soviética expondo nesses Países. Recebe, ainda, vários prêmios, apenas para destacar um, o prêmio de viagem ao País no segundo salão da Arte Moderna no Rio de Janeiro. Se nós pudéssemos citar algumas exposições nas várias décadas de trabalho, poderíamos exemplificar como na década de 40 e a sua primeira Exposição no Instituto de Belas Artes de Bagé; na década de 50, no Pavilhão da Av. Borges de Medeiros, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; na década de 60, no Museu de Artes do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre; na década de 70, no Museu de Artes Modernas de São Paulo; na década de 80, no Museu de Artes do Rio Grande do Sul. Recentemente, nos anos 90 mais uma exposição na Europa.

Se fossemos exemplificar e registrar, neste ato, alguns dos prêmios que Danúbio já recebeu poderíamos citar, por exemplo, a menção honrosa e medalha de prata no Salão Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro em 1984. Poderíamos citar, também, o primeiro prêmio do Salão de Artes Riograndense de Porto Alegre em 61. Um terceiro prêmio, no 2º Salão em Cidade de Porto Alegre em 65. O Prêmio em Gravura no Panorama de Artes Brasileiras no Museu de Artes Modernas em 74.

Portanto, uma trajetória é um ofício muito rico e muito reconhecido com legitimidade e muito talento. Mas se Danúbio Gonsalves fez este mergulho descrevendo e desenhando no seu modo de ver a vida, muitas vezes, com uma certa radicalidade, com tristeza é verdade, muitas vezes com uma certa angústia, mas, sem dúvida nenhuma, nós, neste momento, só poderíamos registrar que este prêmio é um prêmio mais do que merecido, não ao artista plástico Danúbio Gonsalves, também, mas muito mais do que isto é um prêmio a este grande e querido cidadão que, com muita dignidade, muito talento, construiu esta carreira invejável e sem dúvida nenhuma é reconhecido por todos nós.

Portanto, neste momento, se eu pudesse fazer um convite como forma de simbolizar o meu carinho e meu reconhecimento, - e creio que este namoro que tem um enlace final de Danúbio com a Cidade de Porto Alegre na qual mora e trabalha há muitos anos -, repetiria aqui o convite de Jorge Amado que passo a ler a vocês e também ao próprio Danúbio: "Convido insistentemente a todos  aqueles que amam a arte, que admiram o trabalho de um artista verdadeiro e consciente, de um artista cuja obra vem sendo realizada num aprendizado de cada dia, numa disciplina que conduz à real liberdade de criação, um artista que domina a matéria de seu ofício, um artista distante de toda a facilidade, exigente para consigo mesmo, com uma experiência vital, convido a todos que desejam admirar uma obra madura e bela a comparecer no Museu de Arte Moderna, da Bahia, para a exposição do gravador Danúbio Gonsalves. Foi na década de 70, em Salvador, na Bahia."

Era esta a síntese do catálogo que convidava a população da Bahia a participar de uma Exposição feita por Danúbio.

Faço o convite, neste momento, a partir deste pequeno símbolo para que a gente aplauda este grande artista que passa a ser o mais novo Cidadão Emérito de Porto Alegre, juntamente com outro homenageado. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos também telegrama que recebemos cumprimentando nossos homenageados do Prof. Tuiscon Dick, Reitor da UFGRS. Também do Sr. José Carlos de Mello D'Ávila, da Epatur.

Registramos a presença, no Plenário, do Ver. Clovis Ilgenfritz.

Concedemos a palavra ao Ver. Leão de Medeiros que fala pela sua Bancada o PDS, PMDB, PTB, PPS, PV e PL. Também proponentes desta Sessão Solene.

 

O SR. LEÃO DE MEDEIROS: Sr. Vereador Airto Ferronato, que preside esta Sessão Solene, Sr. Jorge Guilherme Bertschinger, novo Cidadão Emérito de Porto Alegre; Escultor e Artista Plástico Danúbio Gonsalves, também novo Cidadão Emérito da nossa Cidade. (Lê.) "Através desta Câmara, há mais de 12 anos, Porto Alegre vem concedendo a todos que a ela se dedicam, por ela trabalham e, nela, lutam pela melhoria de sua gente, o título de Cidadão Emérito. Não é questão de pura escolha, mas de eleição pelo acervo de atividades desenvolvidas, em Porto Alegre, que se outorga a distinção. Jorge Guilherme Bertschinger a ela chegou mercê de sua múltipla e eficiente atividade nos setores sociais, educacionais, culturais e esportivos. Danúbio Gonsalves, renomado artista de nossa Cidade, conquista, hoje, igualmente, por justiça, o mesmo título. A ele, também transmitimos nossa saudação.

Bertschinger, carioca de nascimento, aqui chegou para iniciar sua carreira de servir a Porto Alegre, trabalhando na SKF, que representava a empresa estrangeira Ericsson, já naquele tempo dona de extraordinário "know how" no campo das comunicações. Ao instalar sua filial em Porto Alegre, a Ericsson escolheu para seu gerente de nosso Estado e de Santa Catarina a pessoa de nosso homenageado. Não fez favor, fez justiça.

E foi aí, exatamente nesta época, que começou a devoção de Jorge Guilherme Bertschinger, por nossa Cidade. Nascia a CRT, a nossa Companhia Rio-grandense de Telecomunicações. Porto Alegre ainda engatinhava na telefonia. Éramos pobres em comunicação, éramos párias em telefones, nossos equipamentos obsoletos. Bertschinger começou, então, a mostrar seu amor por nossa Cidade. Iniciou tenazes esforços para dotá-la de um meio para que a CRT crescesse e, com todo o Brasil, desse o salto extraordinário no setor das comunicações, que, hoje, é realidade inconteste e motivo de orgulho para todos nós. Podemos dizer, sem medo de errar, que o trabalho desenvolvido por nosso homenageado, nesta nossa Porto Alegre, foi um dos grandes fatores deste desenvolvimento. E, graças a ele, podemos afirmar também do grande salto que nosso País deu em telecomunicações, Porto Alegre foi a Cidade pioneira neste início de progresso invejável. A Bertschinger, a Cidade e nós, devemos isto.

Mas, vamos falar um pouco mais sobre este dínamo de 73 anos, que é Jorge Guilherme Bertschinger: é veterano da SOGIPA, integra atualmente, o Conselho Superior desta entidade; desempenha, igualmente, a presidência do Conselho da Sociedade Germânica. Foi comodoro, por 10 anos, durante a construção da sede do Veleiros do Sul, no Cristal; é rotariano e presidente da Panathlon Internacional e membro efetivo da Confederação de Vela e Motor no Rio Grande do Sul. É, igualmente, membro da Sociedade Amigos da Marinha - SOAMAR- e participou, com êxito, das Comemorações do Sesquicentenário da Colonização Alemã.

Foi, ainda, presidente de honra do Primeiro Ciclo de Palestras sobre Saúde Escolar; membro da Sociedade Filantrópica Suissa. Bertschinger é, presentemente, presidente da Associação Beneficente e Educacional - 1858, a ABE-1858, mantenedora do Colégio Farroupilha, cargo que desempenha há sete anos, com invulgar sucesso. A ABE, neste ano, completa 134 anos e já faz 30 que a obra que mantém, - o Colégio Farroupilha -, tem sua sede no bairro Três Figueiras.

Na Associação que preside, o nosso homenageado exerceu, ainda, os cargos de 1º Tesoureiro, Vice-Presidente e, agora, o de presidente. Sua atividade é fecunda, nestes sete anos: o lançamento do livro do Colégio Farroupilha, "100 Anos de Pioneirismo", de Carlos Hofmeister Filho e da pedra fundamental, construção e inauguração do Galpão Farroupilha, sede do Centro de Cultura Nativista daquele educandário. Foi Bertschinger, igualmente, que implantou inovações na ABE e no Colégio Farroupilha: os Serviços de Recursos Humanos, da ABE, e o de Segurança do Colégio; aviário e apiário na sede do educandário, em Viamão, bem como a construção de seu Parque Esportivo. Finalmente, depois de fundar o laboratório e o Serviço de Informática, na ABE, aprovou e presidiu o lançamento da pedra fundamental do Centro de Cultura Esportiva, com início previsto para este ano.

Meu caro Bertschinger. O título que hoje lhe é concedido, por minha iniciativa, é uma questão de inteira justiça e um corolário de seu desempenho, em Porto Alegre. Tenho certeza, meu caro homenageado, que a Cidade que fala, agora, através de sua representação mais legítima, que é esta Casa, há de dizer que muitos homens que nela estiveram, desde aquele longínquo tempo em que caravelas singraram o Guaíba, trazendo nossos fundadores açorianos, muito fizeram por ela. Ela dirá que foram construídos palacetes e grandes monumentos, que vestiram suas ruas até com pedras portuguesas; que lhe embelezaram com iluminação farta; que lhe rasgaram ruas, avenidas, elevadas e túneis; que lhe deram parques, praças com árvores frondosas, que se pintam com maravilhosas a cada primavera ou a cada outono, como ocorre com nossas paineiras; que lhe deram edifícios bonitos, cujos vidros refletem o vermelho-alaranjado do pôr-do-sol, que é um dos mais lindos do mundo; que lhe ornaram com belezas de toda a espécie e que lhe deram um povo trabalhador; ordeiro e pacífico.

Igualmente, proclamará, meu caro Bertschinger, que lhe deram homens iguais a V. Sª que ministraram saber, conhecimento, experiência de vida, mas, principalmente, demonstraram acendrado amor por ela e por seu povo.

Por tudo isto, é digno e justo, que Porto Alegre, por esta Câmara e por minha voz, diga ao novo Cidadão Emérito, um muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Ver. João Motta para proceder à entrega do Título ao Sr. Danúbio; convidamos o Ver. Leão de Medeiros para proceder à entrega do Título ao Professor Jorge.

 

(São procedidas as entregas.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao Prof. Jorge Guilherme Bertschinger.

 

O SR. JORGE GUILHERME BERTSCHINGER: Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato, Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores. (Lê.) "Recebo, constrangido e sensibilizado, o título de Cidadão Emérito, que esta Casa me confere, atendendo à bondosa iniciativa do Vereador Leão de Medeiros. Recebo a honraria com humildade por entender que a grandeza da concessão é conseqüência de ser um gesto que a própria Cidade me confere, pois esta Câmara Municipal é a sua mais legítima representação, uma vez que seus integrantes são ungidos pelo voto secreto e universal do povo de Porto Alegre.

Assim, entendo, é Porto Alegre que me dá o título e isto me enche de orgulho, mas também sinto temor ante a magnitude da homenagem.

Aqui cheguei, ainda no início da minha vida, oriundo do Rio de Janeiro e em seguida tive meus passos e o começo da minha formação conduzidos com muita firmeza e com muito carinho por excelentes e dedicadas professoras do Kindergarten do Hilfsvereins Chule, hoje Colégio Farroupilha cuja mantenedora, a Associação Beneficente e Educacional de 1858, tenho a honra de ser o atual presidente. Registro neste momento, com satisfação, que o jardim de infância onde iniciei, é um dos três primeiros jardins que se tem notícia, criados no Brasil, e é o pioneiro em receber crianças de ambos os sexos. Minha família já está na terceira geração no Colégio Farroupilha, desde o velho casarão da Avenida Alberto Bins.

Posteriormente, minha formação técnica foi completada na Escola Técnica Parobé.

Comecei a minha vida profissional aqui nesta Cidade, com uma pasta na mão, representando uma multinacional.

Ao me aposentar, representava esta empresa a maior expressão das telecomunicações na Cidade e no Estado. Durante este tempo da minha atividade, muitas histórias poderão ser contadas. Dentre tantas, destaco que, tendo sido eu, membro integrante da então Comissão Estadual de Comunicação, representando o interior do Estado, tive parte ativa no processo de fundação da CRT, Companhia Rio-Grandense de Telecomunicações e cujo crescimento vim acompanhando, face à minha atividade funcional, até o momento de minha aposentadoria.

Constato que o meu trabalho desenvolvido naquela época, está tendo excelente continuação, pois a CRT e a Ericsson, empresa a qual estive vinculado, implantarão dentro em breve, moderno e eficiente sistema de telefonia móvel, notável progresso tecnológico. A par da minha vida profissional, sempre fui dedicado ao esporte, aos clubes, às entidades filantrópicas, à cultura e ao ensino.

Assim, no tocante à minha contribuição ao esporte, quero destacar um episódio que julgo ter sido básico na vida do Veleiros do Sul: quando da construção do novo cais do porto, então parte integrante das obras de contenção das cheias na Cidade, o Veleiros do Sul foi duramente atingido pois, suas instalações em navegantes, ficaram praticamente fechadas no acesso ao rio, condição vital para o seu funcionamento. Resultante de longas tratativas foi a assinatura da Lei Municipal nº 1822, de 24 de dezembro de 1957, que autoriza a cessão e transferência de domínio útil de imóvel à Sociedade Veleiros do Sul. Com a minha presença, às 7 horas da manhã, na Prefeitura Municipal, naquele dia, entre um chimarrão e outro, o Sr. Prefeito de então, Leonel de Moura Brizola, assinava essa lei.

Correspondendo a esta confiança do Senhor Prefeito, o Veleiros do Sul, no Cristal, entregou à Cidade de Porto Alegre um complexo esportivo que, além de ser um dos mais completos do País, é um verdadeiro cartão postal da Cidade e referencial para a navegação no Guaíba, face ao farolete instalado na ponta do molhe da baía de proteção ao clube.

Vejo, no entanto, passado todo esse tempo, que hoje estou recebendo muito mais do que dei, traduzido nesta significativa homenagem que a Cidade me confere, quando completa 220 anos de existência.

Olho ao meu redor e me vejo cercado de amigos e na companhia de meus filhos, minha esposa, meus netos e demais familiares, e continuo acreditando no futuro, apesar do tempo passado, com as mesmas esperanças e o mesmo entusiasmo.

Continuarei trabalhando em prol do bem comum da generosa e simpática gente desta Cidade que escolhi como minha, sem nunca ter imaginado que um dia eu seria agraciado com honroso título de Cidadão Emérito, pelos seus legítimos representantes.

Agradeço ainda, todas as elogiosas palavras a mim dirigidas, muito embora tenha consciência de que a generosidade dos que as proferiram foram além do merecido. Tudo foi com vontade de fazer, de criar, com muita dedicação, muito amor. Por isso, foi gratificante e poderia dizer, parodiando Camões, em versos... "Para tão longo amor não fosse tão curta a vida..." mas, quero ressaltar que na imensa felicidade que sinto por esta homenagem, adquiro a convicção de que tudo quanto foi feito e o resultado que aqui está é pela confiança, pelo incentivo e pelo trabalho dos meus companheiros.

O êxito não é só meu, é de todos aqueles que direta ou indiretamente, sempre estiveram envolvidos nas diversas atividades por onde labuto. E por isso, com meus companheiros, divido a honraria que a Câmara Municipal me concede.

Renovo meus agradecimentos ao Vereador Leão de Medeiros, esse representante do povo, assim como a todos os Vereadores desta Câmara Municipal, dignos dos mais candentes elogios.

Acredito que ao me homenagear, o ilustre Vereador está conferindo honrarias às entidades a que pertenço.

Quero por derradeiro, dirigir meu muito obrigado a todos os amigos que fiz nesta Cidade e que orgulhosamente, vejo que são muitos e leais. Não poderia deixar de estender estes agradecimentos aos meus filhos, à minha companheira de tantos anos, que me conforta e me incentiva. Falo de minha esposa Helga. Desejo também agradecer a todos que com seu calor humano, aqui vieram me prestigiar.

Quero deixar com todos, a seguinte frase: 'Sempre que haja um vazio em tua vida, preenche-o com o servir, porque todo o servir está cheio de excelência e nobreza.'" Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedemos a palavra ao nosso homenageado também Sr. Danúbio Gonsalves.

 

O SR. DANÚBIO GONSALVES: Ilustríssimo Sr. Presidente da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, Vereadores, prezados colegas de ensino, artistas, amigos, senhoras e senhores. O júbilo desse título de Cidadão Emérito, encaminhado pelo Vereador petista João Motta, e aprovado pelo Legislativo Municipal, em época repercute no meu apreço a Cidade de Porto Alegre, ela que me acolheu por mais de três décadas, palco de estimulante motivação social canalizada pelo meu trabalho artístico. Aqui me casei, nascendo as filhas e uma neta recente, construí a moradia e atelier, a intimidade com ruas e bondes, a lembrança de Lupicínio, dos ipês floridos, dos platones, das calçadas tranqüilas onde se podia sentar nas noites de verão e com os prédios antigos salvos da ganância imobiliária, fertilizou importantes raízes e memoriais, parte do meu desenvolvimento vocacional e da formação artística inicial vem da permanência com 14 anos no Rio de Janeiro. Saudosamente, recordo o gostoso Rio de Janeiro, Carlos do foot-ball de praia, do Atelier Portinari em Cosme Velho, na segurança social, e do antigo humor carioca, época brilhante e que plenamente merecia a alcunha de "Cidade Maravilhosa". Também Bagé, terra natal e berço até os dez anos, a quem mais tarde retornaria tantas vezes, participando do convívio com um grupo de artistas conterrâneos, algo até surrealista num ambiente marcadamente pecuarista, grupo cultural que contava com Pedro Wayne, Clóvis Assumpção, Tarcisio Taborda, Roberto Suñe, Mário Lopes, Ernesto Costa, José Moraes, Ernesto Wayne, Glênio Bianchetti, Glauco Rodrigues e Carlos Scliar, valentes e ousados companheiros ideológicos em estudos ou envolvimento estético e também de conteúdo social. Depois, ancorei em Porto Alegre pelo restante de minha vida, alternando com veraneios em Torres, de quem sou eternamente enamorado. Muitas vezes viajei com o privilégio de rever saudosamente as minhas prediletas: Barcelona e Paris, entre outras veneradas cidades européias, que tanto acrescentaram à minha bagagem cultural, encontrando-me com Grunewald, Bosh, Durer, Piero de la Francesca, Miguel Ângelo, Rembrandt, Velasquez, Goya, Gaudi, Cézanne, Van Gogh, Picasso, Matisse, Paul Klee, etc. Também emocionado pela lição dos museus e com as belíssimas obras arquitetônicas de cidades históricas, íntimas destes titãs da arte. Todavia, com o retorno estimulante ao trabalho de ateliê e com o aconchego da querência. No percurso de minha participação comunitária no Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre, minha segunda casa, no Instituto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e nos cursos que ministrei em várias cidades, colhi gratificantes amizades com alunos e alunas, dividindo com entusiasmo a alquimia de oficina, incorporado aos da tribo da arte, por um elo sensível e humanístico, temporariamente renovado pela magia da arte, irmanados nesse convívio social-estético-afetivo, restando o registro de um resultado artístico cronologicamente sem concessões. Parodiando Pablo Picasso, que dizia sacudir a poeira da vida com a pureza da arte. Recordei, neste breve retrospecto, o registro de andanças e acampamentos vinculados a meu desempenho vital. Guardarei com carinho esse título que me foi conferido, considerando-o como um monólito de paixões e etapas afetivas a esta Capital, onde frutificaram condições para que me incorporasse a importantes episódios decisivos nos meus caminhos e vivência.

Obrigado, Porto Alegre, e àqueles que muito contribuíram para o destaque histórico na exaltação de sua memória. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a todos a ouvirmos o Musical Farroupilha composto pelo coral e grupo de dança dos alunos do Colégio Farroupilha.

 

(Apresentação do Grupo Musical Farroupilha.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convidamos a todos, após esta Sessão Solene, para participarem da exposição de telas do Sr. Danúbio Gonsalves, situada no Salão Adel Carvalho. Informamos que o Salão Adel Carvalho é o salão à esquerda deste Plenário.

Agradecemos a presença de todos, nossos homenageados, ilustres componentes, Srs. Vereadores, informamos a presença do Diretor do Colégio Farroupilha e da Profª Clodilte Azarine que é Vice-Diretora do Colégio Farroupilha.

Em nome da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Porto Alegre, nós queremos mais uma vez cumprimentar os nossos homenageados, registrar e agradecer a presença de todos os Senhores. Encerramos esta Sessão Solene.

 

(Levanta-se a Sessão as 18h20min.)

 

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